Um pensamento antropocentrista, que invadiu a humanidade
e tornou-se mais evidente a partir da Revolução Industrial, levava a crer que tínhamos
um papel superior em relação ao meio ambiente da Terra, e que todos os recursos
naturais deveriam servir às nossas necessidades.
Esta visão egoísta tem sido combatida por fortes evidências,
tais como a crescente instabilidade climática, a crise dos recursos hídricos e
a degradação das condições de vida nas grandes cidades. A “ética ambiental” começa
a fazer parte das preocupações dos países desenvolvidos e decorre de uma visão
mais ampla de nosso posicionamento no mundo, sendo prova do amadurecimento de
nossas sociedades e demostrando que o equilíbrio ecológico e o respeito à
natureza deveriam pautar muitas de nossas decisões.
Quebra de paradigma semelhante vem ocorrendo na
Ortodontia, fruto de um olhar mais abrangente sobre nossos pacientes. A mudança
do diagnóstico ortodôntico pouco a pouco abandona um período em que as
características de boa oclusão dental, representada pela chave molar, e o correto
relacionamento dos maxilares, expresso pela cefalometria, ditavam todas as
nossas decisões.
Atualmente, nossa especialidade busca nos tecidos
moles o direcionamento para o diagnóstico. A harmonia da face, a beleza do
sorriso, a sanidade periodontal e o bom funcionamento da articulação
temporomandibular têm crescido em relevância no diagnóstico e plano de
tratamento. Os profissionais mais experientes já compreendem que estes fatores
trazem melhores condições de vida e satisfação aos seus pacientes, sendo muito
mais relevantes que um ângulo cefalométrico ou determinado ajuste causídico.